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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

12 aforismos de Antonio Porchia


Éramos eu e o mar. O mar estava só e só eu estava. Um dos dois faltava.

*
Quase não toquei o barro e sou de barro.

*
Meus olhos, por haverem sido pontes, são abismos.

*
A dor não nos segue: caminha adiante.

*
Um coração grande se farta com muito pouco.

*
Quando me fizeste outro, te deixei comigo.

*
O que somos é para algo que não somos.

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Ser alguém é ser alguém só. Ser alguém é solidão.

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E se o amor é o amor perdido, como encontrar o amor?

*
Toda pessoa anônima é perfeita.

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Os sins e os nãos são eternidades que duram momentos.

*
O que dizem as palavras não dura. Duram as palavras.
Porque as palavras são sempre as mesmas
e o que dizem não é nunca o mesmo.



Antonio Porchia (1885 - 1968) nasceu na Itália. Em 1900, após a morte de seu pai, mudou-se para a Argentina.  Escreveu o livro de aforismos “Voces”, sua única obra.  Teve entre seus admiradores André Breton, Jorge Luis Borges e Henry Miller.

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