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sábado, 18 de agosto de 2012

“Fala, Garoto!”: a cultura universitária hoje


O que é uma aula universitária hoje? Direi cruamente: uma conversa informal, onde qualquer recorrência a termos científicos ou exigência de rigor lógico é logo tachada de pedantismo, e que se parece com o programa do Serginho Groisman: cada um dá sua opinião, relata sua experiência como se fosse a última coca-cola do deserto e, no final, não se chega a lugar algum.  Em nossas universidades, ou a busca da verdade não interessa mais ou a “verdade” é dada de antemão por alguma “causa” nobre pela qual o aluno – e às vezes o professor – está engajado. Em suma, a cultura universitária em que estamos imersos, como bem disse J. Francisco Saraiva, “é uma cultura da conversa: o saber foi destronado pela troca de opiniões ou de perspectivas pessoais sobre o mundo e fragmentos do mundo”.  Na situação atual de nossas universidades, ou o aluno aprende que é natural falar munido apenas de sua minguada experiência ou, se for mais esperto, aceita ser doutrinado pelo professor-vulgarizador do teórico da moda (o que lhe traz bolsas de estudo e outras benesses). O que eu acho mais opressor neste estado de coisas é a pseudodemocracia que nos induz a crer que toda opinião tem igual valor, não importando seu fundamento (ou sua falta de fundamento). Isso significa dizer que o professor que refuta uma opinião infundada ou um juízo errôneo, por mais gentil e sutil que seja em tal refutação, está fazendo inimigos. O professor universitário que se recusa hoje a ser “legalzinho” tem que ter muita coragem: primeiro, para não cair na tentação absurda do autoritarismo; segundo, para enfrentar o exército de inimigos que, a seu contragosto, ele ajudou a formar.

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